A explosão de informações, jogadas, diuturnamente, sobre as pessoas foram retirando da maior parte de nós, a capacidade de avaliar a crueldade que estamos passando.
O tempo que já passei como professor, me ensinou um pouco e na prática cotidiana, o poder em se utilizar o contrário, como fórmula didática, para se sustentar uma melhor explicação sobre um fato, um processo ou um fenômeno.
Nesta linha, usando o tempo de reflexão que passamos a ter em abundância, com a quarentena como forma de combate à Covid-19, eu comecei a pensar quem seria o exatamente oposto ao Bolsonaro, que o mundo quase por inteiro, hoje identifica pela sua desumanidade e pelo estímulo permanente à guerra e à barbárie? A banalização do mal com o desejo da morte do outro, seja por arma de fogo, por vírus ou por qualquer outra forma, como bate palmas para o torturador e aponta o revólver simbólico para todos e não mais apenas os adversários.
Sim, a barbárie vista como o apoio incomensurável aos ricos e o desprezo aos pobres e oprimidos, aos negros e às minorias de todos os tipos. A barbárie de uma forma como foi Auschwitz (barbárie suprema) que Morin se referiu como igual àquela que pelo oposto foi depois produzida com a bomba sobre Hiroshima e seu povo.
Independente de religião (não sou católico), não foi difícil chegar, nos dias atuais, àquele que mais se identifica globalmente com a humanidade, com o humanismo, com a vida, com a redução da miséria, da pobreza e da desigualdade: o papa Francisco.
Sim, o Papa Francisco é o oposto completo à barbárie que o mundo assiste, de início com estranheza, depois com espanto, mas aos poucos como uma espécie de banalização ou naturalização do mal, como muitos fizeram ao serem condescendente com Hitler, na década de 30 na Alemanha. Mais de meio século depois, não podemos permitir a repetição, agora, de um holocausto biológico, mas do qual se pode proteger com um mínimo de responsabilidade e de humanidade.
É impossível imaginar seguidores do Papa e do seu oposto lado a lado. Impossível. Todas as contradições seriam possíveis. Essa não. Seguir o Papa e o que ele preconiza é reconhecer a barbaridade e a maldade do seu oposto no Brasil que é assistida pelo mundo como um problema dos brasileiros.
Assim, essa época da Páscoa é propícia a se pensar nisso. Já passamos mais de 14 meses, como se fossem as 14 estações da Via Crúcis. O Papa lembrou hoje as dores geradas pelo crime e de suas consequências sobre toda a humanidade no mundo. Falou das responsabilidades de crimes chamados comuns, mas o Papa Francisco também se referia aos crimes maiores, coletivos e contra a humanidade. Combater o mal é defender o homem e a humanidade. E não há dever maior em nossa existência. A superação da banalização do mal é tarefa cotidiana em busca de um humanismo e de um amor ao próximo que não pode ser só utopia.
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