Tomemos uma reportagem de hoje do Valor que lista a situação de 20 expressivos fundos (multimercados e ações). Na reportagem da Adriana Cotias, é possível identificar 107 mil cotistas deixaram um dos 20 fundos listados (entre gestoras XP, Itaú, BB, CEF, etc.), tipo multimercados (hedge) e de ações, listados no quadro abaixo publicado hoje no Valor (28/04, P.C6).
Só nestes 20 expressivos fundos (multimercados e ações) os valores resgatados alcançaram cerca de R$ 10 bilhões. Estes vinte fundos apurados na matéria do Valor, possuem agora no final de abril patrimônio de cerca de R$ 50 bilhões. Ou seja, perderam 20% neste período de dois meses entre o final de fevereiro e de abril. O retorno de rendimentos deste patrimônio ficou negativo em até -36%. (Abaixo o infográfico do Valor. Veja aqui matéria na íntegra "Na crise, fundos veem saída de cotistas")
Infográfico do Valor. Caderno de Finanças, em 28-04-2020, P.C6. |
Algumas gestoras de fundos de investimentos dizem que no momento há ativos sendo vendidos no mercado por valores até 60% menores do que há dois meses atrás, o que aponta a perda de valor (real ou fictício).
Segundo, dados atuais da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) de hoje (Referência 22/04/2020), o total de patrimônio líquido em todos os fundos de investimentos no Brasil são de R$ 5,306 trilhões, valor que é R$ 121 bilhões a menos do que o valor fechado em dezembro de 2019 que alcançou R$ 5,427 trilhões.
Aí está um parte importante do movimento do capital no andar superior das altas finanças. Um patrimônio financeiro vinculado ao rentismo (praticado mesmo por boa parte das empresas produtivas da economia real) e à política dos derivativos que capturam a renda do trabalho. Hoje, o patrimônio total dos fundos de investimentos supera 80% do PIB do país.
A perda, até aqui, relativamente pequena (2,3%) do do patrimônio total investidos nos fundos financeiros, demonstram, como esse instrumento se tornou um dos mais importantes instrumentos do capitalismo contemporâneo, que confere potência e enorme mobilidade ao capital para transitar entre suas frações e os investimentos em diferentes regiões mundo afora, nas diferentes fases do ciclo da economia (expansão e colapso).
Os fundos financeiros (no geral incluindo os fundos soberanos e os fundos de pensão vinculados à previdência dos trabalhadores) com sua inter-conexão e inter-relação com os diversos agentes financeiros se transformaram numa das mais importantes estratégias do capitalismo contemporâneo, hegemonicamente financeiro.
As gestoras dos fundos financeiros interligam o sistema bancário tradicional (bancos comerciais); o mercado de capitais (bolsa de valores e ações; derivativos e mercado futuro); a rede não bancária (shadow banking); os bancos centrais dos países; as grandes companhias de seguro (e agora também de auditoria e avaliação de riscos); e centros financeiros off shore a nível global.
A realidade que estamos assistindo neste período de auge da contaminação da Covid-19, reforça tudo aquilo que havíamos exposto no livro "A ´indústria´ dos fundos financeiros", editado em junho de 2019, pela Consequência.
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