A situação é calamitosa e expressa as atuais e péssimas relações e condições de trabalho nas unidades da Petrobras, indicando o grau de precarização e pouco caso com os trabalhadores da empresa e os terceirizados. Abaixo o texto e o mapa, elaborados por Francismar Cunha da UFES.
Distribuição espacial da contaminação de Covid-19 nas plataformas das bacias de Campos e Santos: cluster de Covid-19 no campo de Marlim
Com a pandemia da Covid-19 diversas adaptações foram/estão sendo feitas nas rotinas dos trabalhadores. Entretanto, não se pode afirmar categoricamente que essas alterações visam o bem estar e a saúde do trabalhador. Esse posicionamento ganha força quando se verifica que em alguns setores produtivos como, a indústria petrolífera, se assiste a um aumento expressivo do número de casos de pessoas infectadas pelo vírus.
Até o dia 23/04* havia 10 plataformas de produção de petróleo e gás com registro de casos de trabalhadores infectados entre as bacias de Campos e Santos. São elas: a P-26, P-18, P-35, P-20, P-33 (no campo de Marlim na Bacia de Campos), P-62 (campo do Roncador) e P-50 (campo Albacora Leste) todas da Petrobras e as FPSOs Cidade de Santos e Cidade de Anchieta, ambas afretadas pela Petrobras, respectivamente da japonesa Modec e da Holandesa SBM Offshore. Para além das plataformas têm-se constatações de casos de contaminação nos campos terrestres no Amazonas, conforme apontou João Gilberto e Francisco Gonçalves, em texto publicado no dia 29/09 na página da AEPET.
Em geral, foram confirmados até o dia 28 de abril 625 casos de Covid-19 nas empresas que executam atividades de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural no Brasil, sendo que 243 profissionais acessaram instalações marítimas de perfuração e produção, conforme mapa acima. O total de suspeitos nessas empresas soma 1.445 de acordo com a ANP.
Dentre os trabalhadores expostos à contaminação de Covi-19, chama à atenção a situação dos trabalhadores terceirizados. De acordo com a FUP, as condições desses trabalhadores pioraram no contexto da pandemia, pois além de se encontrarem em situações de trabalho precárias, estão sob risco de contaminação que se associa ao temor de perder seus empregos. O pior, ainda segundo a FUP, é que algumas empresas ainda estão amplificando esses problemas ao não cumprir a legislação trabalhista, as convenções e acordos feitos com os sindicatos.
Em síntese, nota-se uma tendência de aumento de casos de contaminação, especialmente, no caso das plataformas no campo Marlim, onde se percebe um verdadeiro “cluster de COVID-19”. Soma-se a isso, as pressões sobre os trabalhadores, especialmente os terceirizados. Em paralelo, a Petrobras vem afirmando que vêm adotando medidas preventivas alinhadas às recomendações de autoridades sanitárias e órgãos reguladores.
A petroleira afirmou para a Reuters que reduziu o efetivo em unidades operacionais, tomando medidas mais rigorosas no setor offshore, como isolamento domiciliar monitorado e triagem médica no pré-embarque, com suspensão do embarque de quem apresentar qualquer sintoma. Entretanto, de acordo com João Gilberto (Diretor do Sindipetro Caxias), a Petrobras impôs um plano de resiliência que reduz a jornada e salários dos empregados administrativos em 25% e insiste em impor soluções sem ouvir ou negociar com representantes dos trabalhadores. João Gilberto aponta ainda que o atual governo e sua gestão na Petrobras se utilizam da Covid-19 para acelerar o desmonte e entrega da Petrobrás à iniciativa privada, um grande contrassenso, quando bancos, empresas de aviação, dentre outros, pedem socorro ao Estado em função da crise.
PS.: Atualizado às 21:52: para corrigir a data* no 2º parágrafo. O correto é até o dia 23/04 (e não 23/03 como saiu antes) havia 10 plataformas de produção de petróleo e gás com registro de casos de trabalhadores infectados entre as bacias de Campos e Santos.
Um comentário:
Trabalhei 32 anos em Off Shore pela Petribras, quando começou esta Pandemia, já sabia que mais cedo ou mais tarde esse vírus iriam chegar às Plataformas, pois nossos sistemas de Ar Condicionados, o ar é em grande parte circulante e uma pequena porcentagem que se renova. Portanto basta uma pessoa contaminada e a possibilidade de se contarminar muitos outros, somando-se à isso, estamos acompanhando os descasos do Governo e da Direção da Empresa nas prevenções.
Que Deus proteja esses grandes guerreiros e toda a população.
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