Em meio a 400 mortes diárias de brasileiros atingidos pelo coronavírus (que parece não ter nenhuma importância), Bolsonaro e sua junta de generais haitianos, seguem jogando fora as suas bases de apoio, em direção a um governo ainda mais autoritário, assustando ainda mais a nação.
Não é que Moro fosse impedimento para isso, mas é que algumas instituições podem estar recuperando, ainda que lentamente, a racionalidade que abandonaram em nome de um projeto de poder que vai se confirmando alucinado para governar.
Dos três pilares que sustentaram a eleição e se dizia que iria tutelar o eleito, em meio à explosão de fake news e facada, só um, até agora segue com ele: comando dos militares haitianos. A parte judicial das cortes vai pulando fora da aventura e cada vez mais, também, a ala do poder econômico que reunia de liberais a ultraneoliberais, vai buscando no seu tempo a forma de desembarcar no apoio a Bolsonaro. Isso nunca se dá de forma unânime, mas por maioria.
A confirmação de Moro (ainda na condição de ministro, porque de antes de seu pedido renúncia) de que Bolsonaro disse claramente, que a razão de seu objetivo com a troca na direção da Polícia Federal, se referia ao interesse que tinha nos processos em que era atingido no STF e no acompanhamento direto de relatório dos seus agentes, pode ter vários tipos de encaminhamento.
Apenas mais um grave crime de responsabilidade de Bolsonaro.
O encaminhamento que será escolhido tende a definir a direção deste processo. Os fatos mostram como era bobagem essa interpretação de que os generais haitianos do Planalto tutelavam Bolsonaro. Eles são partes do mesmo jogo genocida e que levam a nação para o colapso.
Moro deverá ir para São Paulo ser secretário do Dória e assim manter um emprego e o aceno que juntos eles podem ser alternativas de poder para 2022.
Resta saber a nação que sobrará até lá. É preciso fugir desta tentação de discutir as eleições e pensar as pessoas e a nação.
Neste atividade alucinante em que se segue cavando o poço que parece não ter fundo, eu me lembro de algumas pessoas, próximas de cada um de nós, que dizia lá em 2018, que "ele não é isso tudo não". Realmente. É muito pior.
Essa visão higienista da política vai dando nisso que vemos aí. Como foi com Hitler até chegar ao nazismo, uma visão guiada unicamente pelo combate à corrupção. A luta contra a corrupção tem que ser travada, mas não como norte.
Assim, ninguém hoje tem ainda condições de dizer para onde as coisas caminharão. Mas precisamos dizer para onde não se pode deixar levar a nação, para um ditadura militar que já se instalou.
Precisamos compor uma frente democrática ampla, para discutir as saídas, e nela um projeto de reconstrução nacional para evitar os traumas ainda maiores da pandemia e este desmonte da nação.
No meio da frente democrática, os setores progressistas e de esquerda do país devem também se organizar entre si, para que a saída política, seja pelo viés da distribuição de renda e de um uma nação para todos.
A unidade pode se dar na prática, o que não elimina a organização pelos movimentos, partidos, credos, etc. para garantir a democracia, porque sem ela, não haverá espaço para debates e busca de maioria para projetos inclusivos de nação.
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