Se você for na internet e em algumas matérias jornalísticas o home office é quase romantizado, como um desejo maior do trabalhador. São imagens lindas, com decorações de encher os olhos, sofás maravilhosos, jardins internos, filhos alegres e lindos, etc. Porém, essa realidade é que parece o que há de mais remoto no trabalho em casa.
Observando-o mais criticamente, fica claro que praticamente (não exclusivamente) só as atividades-meio são trabalhos que podem ser feitos à distância. Sei que a afirmação é polêmica, mas vou sustenta-la, mesmo sabendo de exemplos que fogem à regra. As atividades fins e operacionais não podem (na maioria dos casos) serem remotas. Aliás, essas atividades são todas, a razão da produção material e dos serviços essenciais que sustentam a vida humana, embora apoiada nas atividades meios e nos serviços.
O caso da falta de equipamentos e insumos (máscaras, aventais, respiradores, etc.,) nessa pandemia, é a prova, que a despeito de todo o discurso sobre a pós-industrialização sem trabalhadores ainda é uma realidade distante, mesmo com a Internet da Coisas (IoT), impressão 3D, etc.
Voltando ao “trabalho em casa”. Razão deste post. Demais questões devo voltar a abordar à em outros textos mais adiante. O home-office expôs (ou está expondo) ainda o escandaloso engodo dos serviços frágeis e enganosos das empresas de telefonia e de internet no país.
Ninguém, praticamente, está conseguindo receber, em seus domicílios nem a metade da velocidade prometida nos contratos feitos junto às operadoras. Elas alegam que isso se deve ao fato de todos estarem usando as redes de casa.
Ora, ora. O contrato é individual cidadão-operadora e prevê uma velocidade a ser atendida e não tem dependência externa.
Para explicar melhor a quem não é do ramo e assim ter uma comparação para análise. O que a operadora está alegando seria como se a concessionária de água ou energia elétrica dissesse que você iria receber pouca água ou apenas energia em algumas tomadas, porque seus vizinhos também estão usando água e energia elétrica, sic. Uma aberração. Aí surgem com aquelas explicações técnicas para “inglês ver”, é o back-bone (espinha dorsal) que está carregada, etc. Sim, capitalismo primitivo e corrupto que vende o que não pode entregar e ainda usa desculpas esfarrapadas.
Além das conexões ruins, elas são na grande maioria dos casos (agora), pagas pelos próprios trabalhadores. Assim, como o uso em muitos (não sei se maioria) de seus notebooks e não das empresas, porque elas alegaram que com a correria dos últimos dias para aquisição deles, os estoques das lojas de informática foram esgotados.
Com as conexões precárias, o trabalhador fica ainda mais tenso. Porque participa de algumas reuniões virtuais (conferências) e ouvem apenas partes das falas. Dessa forma, fica sempre na dúvida, se entendeu tudo ou não. Fica sujeito ainda a ter que adivinhar e interpretar o que pode ter sido falado, para não ficar interrompendo todos e ficar mal visto pelo grupo e pela chefia. Algo assim, como alguém que ouve alguém falar num idioma estrangeiro que não domina. Entende umas palavras, mas está sempre em dúvida se compreendeu corretamente o que o(s) interlocutor(es) falou(aram).
Além disso, o home office acaba misturando uso de notebooks, celulares, tablets, etc. tudo ao mesmo tempo e às vezes de forma caótica. Na vida isso é um escolha nossa, embora imposto pela sociedade contemporânea. No home office não. É parte das exigências do trabalho, pressão, coerção, exploração, mais valia, etc.
Tudo isso é mais uma fonte de insegurança e stress do trabalhador que vai se acumulando. Porque o trabalhador já está sofrendo um medo enorme do desemprego, fruto das consequências da pandemia e dos desdobramentos sobre a economia neoliberal em curso, possa lhe atingir. E, assim, com dificuldades, ele começa a avaliar que está ficando para trás dos demais e ao final acabará na lista das primeiras dispensas.
Além de todo esses stress e tensão crescentes, o trabalhador tem mais dificuldades de poder dividir essas preocupações com os seus companheiros de classe. A mistura entre ambiente doméstico, descanso, lazer e o trabalho, que já é colossal com o uso das redes, emails, whatswapp, etc., se amplia a níveis preocupantes para a saúde física e mental de qualquer pessoa, ainda mais em tempos de pandemia, com a TV que a todo momento atualiza o números de mortos e cada vez mais perto de onde você está, o filho que espirra e a mãe que não para de tossir.
Porém, para fechar este primeiro texto sobre o assunto, tem um outro lado que o trabalho em casa e a mistura família-trabalho está permitindo e que ainda não foi percebido por muitas pessoas que está nesta situação.
A família, amigos e outros, de alguma forma, passaram a poder assistir (compartilhado sem intenções ou com intenções, sic), as barbaridades faladas e as ordens emitidas por muitas chefias. Elas ainda não se lembram que o ambiente de trabalho, não é mais aquele corporativo, tradicional, de hierarquia permanente que são refletidas em algumas simbologias que as transmissões na internet escamoteiam, como as posições de cada na mesa de reunião, cadeiras maiores, melhores e mais confortáveis, o café e água próxima ao chefe, etc.
O autoritarismo corporativo de muitas chefias passaram expostas num grau impensável. Tenho ouvido depoimentos sobre posições e discursos, que vão muito para além da gestão dos serviços dos setores e da empresa.
Posições políticas acabam impostas. Chefias interpretam a seu modo e interesse, a realidade política, econômica e social a que estamos sendo impostos nos dias atuais. Só o que o pior, é que na maioria dos casos, não é admitido debate sobre estes posicionamentos. A frequente alegação é de que ali não se trata de política, apenas de serviço. Ou seja, só as chefias podem interpretar política, econômica e socialmente a realidade que atinge a todos e que inclusive mudou a forma de alguns trabalharem.
Enfim, os casos são vários e muito interessantes para serem estudados. Essa não é mais a minha área de pesquisa, mas já foi. Porém, esse é um tema que perpassa a realidade de todos nós, e que por isso, entendo merece ser melhor observado e debatido.
Com esta (já longa postagem), eu quero sugerir que outros amigos facebookanos possam falar de suas experiências sobre o assunto. Além disso, também auxiliar no debate sobre este tema, em outras dimensões e com posições distintas da apresentada aqui.
Para alguns chefes a leitura (e/ou elaboração) de um texto deste tipo é lazer ou diversão. Quase nunca é visto como trabalho sobre a realidade que que eles trabalham. Então sigamos brincando e nos divertindo para investigar e debater o trabalho em casa (home office).
Tudo isso é mais uma fonte de insegurança e stress do trabalhador que vai se acumulando. Porque o trabalhador já está sofrendo um medo enorme do desemprego, fruto das consequências da pandemia e dos desdobramentos sobre a economia neoliberal em curso, possa lhe atingir. E, assim, com dificuldades, ele começa a avaliar que está ficando para trás dos demais e ao final acabará na lista das primeiras dispensas.
Além de todo esses stress e tensão crescentes, o trabalhador tem mais dificuldades de poder dividir essas preocupações com os seus companheiros de classe. A mistura entre ambiente doméstico, descanso, lazer e o trabalho, que já é colossal com o uso das redes, emails, whatswapp, etc., se amplia a níveis preocupantes para a saúde física e mental de qualquer pessoa, ainda mais em tempos de pandemia, com a TV que a todo momento atualiza o números de mortos e cada vez mais perto de onde você está, o filho que espirra e a mãe que não para de tossir.
Porém, para fechar este primeiro texto sobre o assunto, tem um outro lado que o trabalho em casa e a mistura família-trabalho está permitindo e que ainda não foi percebido por muitas pessoas que está nesta situação.
A família, amigos e outros, de alguma forma, passaram a poder assistir (compartilhado sem intenções ou com intenções, sic), as barbaridades faladas e as ordens emitidas por muitas chefias. Elas ainda não se lembram que o ambiente de trabalho, não é mais aquele corporativo, tradicional, de hierarquia permanente que são refletidas em algumas simbologias que as transmissões na internet escamoteiam, como as posições de cada na mesa de reunião, cadeiras maiores, melhores e mais confortáveis, o café e água próxima ao chefe, etc.
O autoritarismo corporativo de muitas chefias passaram expostas num grau impensável. Tenho ouvido depoimentos sobre posições e discursos, que vão muito para além da gestão dos serviços dos setores e da empresa.
Posições políticas acabam impostas. Chefias interpretam a seu modo e interesse, a realidade política, econômica e social a que estamos sendo impostos nos dias atuais. Só o que o pior, é que na maioria dos casos, não é admitido debate sobre estes posicionamentos. A frequente alegação é de que ali não se trata de política, apenas de serviço. Ou seja, só as chefias podem interpretar política, econômica e socialmente a realidade que atinge a todos e que inclusive mudou a forma de alguns trabalharem.
Enfim, os casos são vários e muito interessantes para serem estudados. Essa não é mais a minha área de pesquisa, mas já foi. Porém, esse é um tema que perpassa a realidade de todos nós, e que por isso, entendo merece ser melhor observado e debatido.
Com esta (já longa postagem), eu quero sugerir que outros amigos facebookanos possam falar de suas experiências sobre o assunto. Além disso, também auxiliar no debate sobre este tema, em outras dimensões e com posições distintas da apresentada aqui.
Para alguns chefes a leitura (e/ou elaboração) de um texto deste tipo é lazer ou diversão. Quase nunca é visto como trabalho sobre a realidade que que eles trabalham. Então sigamos brincando e nos divertindo para investigar e debater o trabalho em casa (home office).
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