quarta-feira, maio 27, 2020

Agora o BolsoMilitarismo se defronta com o contra-poder

Não se esqueçam do haitiano na Porta do Palácio do Planalto dizendo: "acabou Bolsonaro".

Por ironia do destino, o capitão está se escorando nos generais que construíram a gênese de retomada do poder político no Brasil, exatamente, a partir das matanças do Haiti.

Pois bem, só agora, o BolsoMilitarismo começou a enfrentar o contra-poder.

A velocidade dos fatos amplia a confrontação que agora se dá, no âmbito jurídico-político, em três frentes:

1 - O inquérito com Celso de Melo que passaria - ou não - pelo Aras e iria para a Câmara aceitar ou não pedido de impeachment.

2 - A CPI da Fake News no Congresso que mesmo diversa, atua junta desse inquérito iniciado no STF por decisão de Toffoli e relatado pelo ministro Alexandre Moraes que foi para cima hoje de todas as evidências, em especial sobre o financiamento das fake news, que se trata do esquema 'Brasil 200 Empresarial' tocado pelo Instituto Brasil 200. O Alexandre Moraes mapeou isso e hoje fez buscas sobre os seus agentes que remetem à articulação entre Carlucho e Bannon.

3 - É o processo no TSE para cassação da chapa Bozo/Mourão que o ministro Luiz Barroso estaria pautando, a princípio, para julgamento em dois meses.

As três frentes no âmbito jurídico-político levam a caminhos distintos e em prazos diversos, mas têm um fim claro e parece que com apoio forte de setores que antes estavam com Bolsonaro e agora temem o caos e a ruptura com consequências graves econômicas e sociais.

O Bolso Militarismo mesmo que mais isolado, não dá sinais de que vai apenas assistir este desfecho.

Alguma racionalidade é necessária e ela está do lado da maioria que hoje passou a enxergar o risco do fascismo, da ampliação do autoritarismo.


PS.: Atualizado às 16:38: O procurador Geral da República, Augusto Aras pediu para arquivar o inquérito que é conduzido pelo ministro Alexandre Moraes no STF. Isso não paralisa o inquérito, apenas levará a que o Pleno do STF tenha que se manifestar sobre a continuidade do inquérito. Que pela conjuntura atual deve reafirmar a necessidade da investigação. E, talvez, precipitar outras decisões que viriam a seguir. A posição do Aras (PGR) é um pouco de praxe, porque o MPF, a que preside, questiona inquéritos que não sejam conduzidos pelos procuradores federais e sim, diretamente por um ministro da Suprema Corte.

PS.: Atualizado às 18:18:
Manchete do Globo Online "Queba de sigilo de suspeitos de financiar ataques ao STF inclui período eleitoral de 2018" é a que mistura (junta na prática) o inquérito do STF, que está com Alexandre Moraes, com o processo de anulação da chapa que está para ser julgado no TSE.

PS.: Atualizado às 18:22:
Revista Crusoé, blog Igor Gadelha: "Bolsonaro convoca todos seus ministros para uma reunião extraordinária neste momento no Palácio do Planalto para discutir uma possível reação às recentes decisões do STF que afetaram o Executivo". (Veja aqui)

PS.: Atualizado às 18:26
O quadro parece surreal. A fração do capital que tem peso passou a agir no tribunal e na mídia. É como na época do golpe, mas agora, às avessas, como se fosse para desfazer o que foi feito. O embate entre o BolsoMilitarismo e o contra-poder que surgiu e se articula como frente está acelerando o processo. Poder e contra-poder tentam agir no contrapé do outro. Os dois lados perceberam que não podem esperar.

Sigamos observando os movimentos dos agentes e os fatos que estão produzindo e, então, poderemos ir checkando as hipóteses. O objetivo aqui foi tentar deixar mais claro onde estamos e as variáveis. Não consigo ainda enxergar que esse contra-poder ao BolsoMilitarismo tenha clareza do caminho ou direção. Ele depende também que a frente política apareça no cenário, sem ela, eles recuarão. No momento, apenas tentam criar limites. Mas, o isolamento do BolsoMilitarismo é flagrante e intenso. Diferente de 64, neste sentido.

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