sexta-feira, junho 05, 2020

Gigantismo naval segue no pós-pandemia

No exato momento em que o mundo atravessa a pandemia e um enorme abalo nas cadeias de valor global e no comércio internacional, o estaleiro da coreana Huyndai lançou o maior navio contêinero do mundo, o "HMM Algeciras".

Fonte: https://www.marineinsight.com/
A mega embarcação possui 400 metros de comprimento (4 campos de futebol enfileirados), 61 metros de boca e capacidade para transportar 23.964 TEUs (unidade de contêiner) e calado de 17,3 metros que exigem mega terminais portuários, no processo que passei a chamar de gigantismo naval que puxa um gigantismo portuário, com terminais com profundos canais de navegação.

Outros sete meganavios de mesmo porte estão previstos para ficar prontos no segundo semestre ainda de 2020, como parte de uma encomenda total de 11 mega navios porta-contêiener.

Na quarta-feira, (03/06), o HMM Algeciras chegou ao Porto de Roterdam em sua primeira viagem vindo do porto chinês de Yantian e partirá para Hamburgo amanhã.

Também como gosto de lembrar a afirmação do geógrafo Armand Frémont, que qualificou o contêiner, como sendo a "espinha dorsal da globalização".

Aqui nos trópicos ainda atravessamos e sofreremos muito com a pandemia, mas no Norte e na Ásia, já se percebe um movimento que tenta retomar o comércio global (e esta meganavio é um exemplo) em meio à queda das demandas e à tendência de um retorno gradual, para produções nacionais e menos redes globais de fabricação.

De um jeito, ou outro, o capitalismo seguirá em sua busca por produtividade na entapa de circulação (logística) da mercadoria entre a produção e os centros de consumo, onde, se avança para redução dos custos dos fretes, com transportes massificados e em grandes volumes. Movimento que deve manter o avanço do gigantismo naval no comércio de longa distância e intercontinental.

Tudo isso leva a crer que a pandemia não deve paralisar o movimento a favor de uma nova rodada de neoliberalismo, com maior uso das plataformas digitais para intermediação (comércio) global e de intensificação dos serviços à distância, com ainda maior concentração econômica, numa simbiose que dá sobrevida ao sistema  e à sua sina de esgarçamento civilizacional.

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