A pesquisa usou como instrumento, a plataforma GoogleForms para os
questionários tendo como período da coleta de dados, 08 a 30 de junho de 2020. Um
universo expressivo de 15.654 professores participou da enquete. 78% do sexo feminino
e 22% masculino, distribuídos por todos os 27 estados da federação, mas em
quantitativos diversos das proporções de docentes de suas redes. 49% dos
participantes da pesquisa eram das redes municipais, 39% da redes estaduais e
apenas 1,2% da rede federal, sendo que 11% eram simultaneamente das rede
estadual e municipal.
Os resultados:
- a) 89% nunca tinham tido experiência em “ensino remoto”;
- b) 50% consideravam que tinham regular habilidade para lidar com tecnologias digitas, 24% considerava fácil e 17% difícil esse manejo.
- c) 42% disseram que não recebeu nenhum tipo de formação para essa atuação e que utilizavam por conta própria; 21% se viravam com tutoriais e 25% tinham recebido alguma formação da Secretaria de Educação.
- d) 82% estão realizando trabalho de casa, mesmo percentual que identifica que aumentaram suas horas de trabalho em relação às aulas presenciais.
- e ) 51% são obrigados a compartilhar recursos tecnológicos de acesso com outras pessoas do lar e tinham tempo restrito.
- f ) 46% identificam que o nível de participação dos estudantes nas atividades diminuiu um pouco e 38% drasticamente.
- g) 80% consideram que isso se dá porque os estudantes não têm acesso à internet e demais recursos e 74% observa que as famílias não conseguem ajudar os estudantes nas suas atividades.
- h) 69% têm medo e insegurança por não saber nem quando e nem como será o retorno à normalidade.
Slide 13/17 da Apresentação do resumo técnico da pesquisa "Trabalho docente em tempos de pandemia" UFMG/CNTE. |
Em síntese. Os professores estão abandonados. Trabalhando mais, sendo obrigados a se virar, com medo do presente e do futuro e o mesmo se dá em relação à maioria dos estudantes que não recebe equipamentos, acessos digitais e quase nenhum apoio e por isso estão distantes das atividades.
Há
claramente um corte de classe social nessa realidade, porque os estudantes das
escolas privadas vivem um outro mundo. Ou seja, a pandemia amplia a exclusão
social também pela educação, para além do que já se sabe no atendimento à saúde. Essa realidade reforça também a interpretação sobre a ausência de coordenação de todo esse processo pela União, através do MEC. Os demais níveis de governo tentam se virar como podem e com resultados limitados. Não há governo federal, não há projetos.
Evidente, que outras investigações sobre o tema precisam ser feitas com amostras proporcionais e por unidades da federação. mas, essa enquete, já traz elementos muito fortes para se enxergar uma realidade que se apresentará de forma mais clara no pós-pandemia.
O relatório completo da pesquisa da UFMG/CNTE será publicado
no dia 28 de julho de 2020.
Nenhum comentário:
Postar um comentário