Há quem fale em combater a corrupção e queira tratar apenas dos ilícitos que escolhe, na maioria dos casos guiados pelo discurso moralista e político, sem querer identificar a enorme teia financeira de negócios escusos que envolvem colossais fluxos de dinheiro entre os grandes bancos, as gestoras de fundos financeiros e as grandes corporações globais.
Interessante ainda imaginar que algumas cabeças colonizadas ainda insistem em afirmar que a grande corrupção é um problema da periferia do capitalismo. Os fatos narrados servem para reforçar o equívoco da interpretação de que os problemas de corrupção são exclusivos do campo da política. Longe disso. Para saber alguns detalhes vale ler a matéria [aqui] da revista Piauí que é fruto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.
A reportagem diz que "documentos secretos do governo americano mostram como cinco bancos multinacionais ignoraram alertas e movimentaram dois trilhões de dólares de clientes investigados por crimes de todo tipo durante anos".
Os maiores fluxos financeiros vinculados a diversos tipos ilícitos, como lavagem de dinheiro, esquemas tipo Panamá Papers da Mossak Fonseca, pirâmide mundial do Mercado de Capitais, financiamento a golpes políticos, etc. passam pelos bancos. Como é o caso dos bancos americanos JPMorgan, o maior deles e o Bank of New York Mellon, os ingleses HSBC (o maior banco da Europa) e o Standard Chartered e ainda o alemão Deutsche Bank entre outros.
As investigações indicam que pelo banco americano JPMorgan passaram “mais
de 2 milhões de dólares destinados à empresa de um jovem magnata acusado de
enganar o governo venezuelano e ajudar a causar apagões elétricos em grandes
áreas da Venezuela”.
A reportagem fala de um volume de R$ 2 trilhões nesse
tipo de movimentação de dinheiro ilícito, só na última década. O dinheiro lavado que é movimentado entre
contas de empresas de fachada registradas em paraísos fiscais. Fluxos financeiros que circulam pelo Panamá, nas Ilhas
Virgens Britânicas, Barbados e Luxemburgo.
É certo que o sistema informacional, as plataformas
digitais dos esquemas entre fundos financeiros globais trazem facilidades para essa atuação transfronteiriça que possui pouquíssima regulação e controle dos Estados-nações, permitindo essa movimentação trilionária. E assim, o capitalismo tem se alimentado destes fluxos financeiros.
A matéria da Piauí [aqui] informa que segundo estimativas
do “Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 2,4 trilhões de
dólares em fundos ilícitos são lavados a cada ano – o equivalente a quase 2,7%
de todos os bens e serviços produzidos anualmente no mundo”.
Vale conferir. Mas também aprofundar e reinterpretar o que fica subliminar no texto.
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