Retorno ao tema que há quatro anos venho tratando aqui neste espaço. Ao olhar para a cadeia global do petróleo e sua geopolítica vemos a participação atual do Brasil nesse circuito econômico vivendo um processo de "nigerização". Não se trata de um menosprezo ao país africano, mas à sua realidade de país exportador da commodity petróleo cru, importador de derivados e que entrega sua maior riqueza mineral para petroleiras estrangeiras e controle de fundos financeiros globais.
É um processo instalado em 2016 (após o golpe institucional) e que nos dias atuais se amplia de forma importante. A venda anunciada (apelidada de desinvestimentos) nos últimos dias da venda total e/ou parcial de novos campos de petróleo nos polos de Marlim e Albacora se soma ao que já foi feito antes com entrega de áreas como o campo de Carcará, no colosso do pré-sal. Além de tudo que foi sendo entregue dia-a-dia, como as malhas de gasodutos, refinarias, petroquímicas, distribuidora de petróleo, etc. vão transformando o Brasil em uma nova Nigéria.
Mais uma vez repito, com todo respeito ao país africano, mas
não se pode deixar de identificar como aquele importante país produtor de
petróleo entregou a sua produção, beneficiamento e toda a cadeia produtiva do
petróleo, às petroleiras estrangeiras e ao controle dos fundos financeiros
globais.
Assim, se observa que segue em velocidade acelerada (por motivos claros) a desintegração da Petrobras com o fatiamento e o desmonte criminoso de suas unidades de maior valor, que estão sendo vendidas a preço de final de feira, no momento de baixa do preço do petróleo e ativos do setor.
Bom que se diga entrega de unidades que estão prontas, em funcionamento e gerando lucros, para serem controladas pelos fundos financeiros estrangeiros que já comandam outras petrolíferas. As refinarias no Brasil estão sendo vendidas já ociosas. O setor de refino mesmo aberto ao exterior desde o fim do monopólio promovido por FHC, na década de 90, nunca recebeu um projeto de nova refinaria destas players do setor.
Junto disso, antes a ANP reduziu as exigências de conteúdo local, o que leva
milhares de empregos do Brasil, na medida em que os novos donos destes ativos
compram equipamentos, tecnologia, geram empregos e tributos em seus países e
não no Brasil. Fato que contribui para um definhamento do circuito econômico do petróleo que chegou a ser responsável por cerca de 13% do PIB do Brasil e mais de 1/3 no ERJ.
Assim, na prática coube à Petrobras explorar, descobrir e colocar em
produção os gigantes campos e potentes bacias de Campos, Santos e o Pré-sal,
agora entrega a preço de xepa suas descobertas e seus ativos. Bom lembrar que seis dos maiores campos de petróleo descobertos no mundo estavam no Brasil.
E o pior de tudo isso é o fato que esses dirigentes
criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para
a Petrobras a parte mais onerosa que é a de seguir explorando áreas offshore, águas
muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise
de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos
fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome.
Portanto, considerando o porte de nossa produção e do nosso
mercado consumidor, bem maior que a da Nigéria, o "case" brasileiro,
infelizmente, já permite que o mundo troque o termo "nigerização", pela
expressão "brasileirização". O mundo hoje enxerga o Brasil como um
caso, em que uma nação opta por retornar à condição de colônia, uma espécie de
"condado" ou "protetorado". Seguiremos questionando esse
crime de lesa pátria: Petrobras, fica!
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