Enquanto se tem notícia do fechamento da Ford, demissão de milhares de bancários e fechamento de quase mil pontos de atendimentos no Banco do Brasil, em um país que já tinha mais de 15 milhões de desempregos, o setor financeiro não para de crescer e acumular rendimentos e lucros.
Com os números fechados do ano de 2020 da Anbima, os fundos financeiros conseguiram fechar o trágico ano de 2020, com um patrimônio líquido de R$ 6 trilhões, superior em mais de 10% o já muito alto patrimônio dos fundos financeiros no ano passado.
Nos últimos doze anos, o patrimônio dos fundos mais que triplicaram de R$ 1,9 trilhão para R$ 6 trilhões e cada vez controlam mais empresas (e ativos) em diferentes setores da economia. Em especial, estão nos últimos quatro anos adquirindo a preço de xepa o controle acionário das empresas estatais que estão sendo privatizadas.
Com R$ 6 trilhões de patrimônio líquido, os fundos financeiros já passaram de 80% de todo o PIB do Brasil, embora seja uma comparação meio indevida, porque o PIB é renda e anual, enquanto o valor do patrimônio dos fundos é valor de mercado, portanto em capital fictício.
Assim, os investidores dos fundos financeiros vão conduzindo a enorme extração de valor da produção real nesta escalada da hegemonia financeira do capitalismo contemporâneo. Tudo isso num nível que caminha para esgarçar o sistema e se torna um dos elementos que ajudam a explicar o porquê das bolsas de valores, o mercado de capitais e os fundos financeiros fazem sucesso e batem recordes, se desgarrando cada vez mais da economia real, onde a população trabalhadora que produz a riqueza sofre.
65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE). Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia. Blog criado em 10 agosto de 2004.
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