Como tenho comentado aqui com alguma insistência, os fundos financeiros (capital sem rosto) avançam sobre as empresas da economia real para ter o seu controle e propriedade que chamam de ativos.
Em especial os fundos avançam para ter o controle das empresas que estavam sob controle estatal e estão sendo entregues, desde 2016, na bacia das almas, a preço de xepa.
Agora foi a vez da Cedae esquartejada em blocos, por exigência do desgoverno federal, dentro do tal plano de recuperação do ERJ. Com todos os problemas, a Cedae dava lucros. Assim, mais uma estatal é entregue com forte apoio da mídia que ganha seu quinhão nessa farra patrocinada pelo fundos financeiros que merecem ser conhecidos.
Na mídia o nome dos fundos e corporações aparecem encobertos com pela definição “consórcio” e um nome de fantasia.
Engraçado é que mais de 80% do capital que estes grupos entram no leilão é financiado pelo BNDES que não se dispõe a emprestar para a própria Cedae expandir sua atuação como seria desejável. Para este leilão, a Cedae foi fatiada para os leões do mercado financeiro.
No certame encerrado há pouco, o leilão teve como vencedor do Bloco 1, que envolve a Zona Sul do Rio e alguns municípios o Consórcio Aegea que também levou o Bloco 4, área do Centro e Zona Norte da capital e outros municípios. Esse "consórcio" é controlado pela empresa financeira Equatorial Energia, a mesma que tem participação na Light e controla diversas outras empresas, também concessionárias de serviços púbicos, só que de energia elétrica, no Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão etc.
Já, o Bloco 2 da Cedae que envolve Barra da Tijuca e outros municípios fluminenses, ficou com a Iguá Saneamento que é controlada pelo fundo FIP Iguá (Fundo de Investimento em Participações Multiestratégica) e também pelo fundo de pensão canadense, Pension Plan Investment Board (CPPIB) que, em março agora, de olho na concessão da Cedae aportou R$ 1,178 milhões no Iguá.
Ou seja, uma ironia, os trabalhadores canadenses são donos agora de uma parte da Cedae esquartejada e privatizada.
Assim, o setor de infraestrutura no Brasil (rodovias, concessionárias de energia elétrica e saneamento, aeroportos, petróleo, gás, etc.) é cada vez mais controlado pelos fundos financeiros e quase sempre com empréstimos generosos do BNDES.
Ah, um detalhe, nenhum consórcio ou fundo quis a fatia do Bloco 3, a região mais pobre do Rio, a zona oeste. Por que será?
PS.: Atualizado às 01:58: A Iguá Saneamento é controlada pela gestora financeira IG4 Capital e tem como seus principais acionistas os fundos de pensão canadenses Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) e Alberta Investment Management Corporation (AIMCo).
A Aegea Saneamento tem como acionistas o grupo Equipav (70,72%), o fundo de Cingapura GIC (19,08%) e a recém-entrada Itaúsa (10,2%), que anunciou um aporte na empresa nesta semana. A Aegea que já opera concessões de IE em vários municípios e estados tem participação crescente de agentes financeiros em sua direção.
A Equatorial Energia fez propostas mas não venceu nenhum deles. De qualquer forma, se vê a liderança dos fundos financeiros nós consórcios vencedores do leilão.
2 comentários:
Verifica aí de está correto ou fiz confusão mas a Equatorial Energia aparece no texto como.parte de um consórcio vencedor e no final informa que não venceu nenhum!
Caro Aldo, é isso mesmo. Eu fiz atualização para corrigir a informação equivocada do texto inicial. Mas optei por deixar a informação original até para mostrar como o capital financeiro participou em diversas frentes. Inclusive da Equatorial que fez proposta, esteve à frente, mas o final perdeu a disputa de um dos blocos do leilão para a Aegea.
Todos os participantes estavam vitaminados por controle financeiro. Nos investimentos em infraestrutura, é comum os fundos buscarem empresas (ativos) com alguma experiência neste setor econômico em que investirão em capital fixo no território para garantir eficiência na captura de valor que vai garantir a extração de alta rentabilidade em prazos curtos. Ao observar todos os participantes e não apenas os vencedores é que se tem isso mais claro. Não duvide da falsa disputa entre os concorrentes é só seguir o dinheiro. Follow money.
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