Parece estar em curso no Brasil uma tentativa de estruturar, à imagem semelhança dos EUA, um Deep State, não como estrutura independente, mas como filial à sede do estado profundo americano.
Um esquema de poder que está acima do poder político e do
governo do Estado-nação. Uma articulação que envolve no Brasil o Partido
Militar, assim como o complexo militar dos EUA (Defesa-Estado Maior, Departamento
de Justiça, CIA, NSA e FBI), o esquema financeiro de Wall Street e o setor de
comunicações e mídias, hoje sob um controle cada vez maior das Big Techs.
No Brasil, o Arenão envolve o Partido Militar, o poder
político congressual, a Faria Lima, redes sociais do bolsonarismo e parte do
Judiciário. A subsidiária recebe apoio da matriz desde a sua gênese, lá nos
esquemas ilegais da Operação Lava Jato e República de Curitiba com o Departamento
de Justiça dos EUA.
No Brasil, após o golpe de 2016 e 2018, assume o governo o
Partido Militar e assim eles tomam posse e controle de quase 10 mil cargos civis. Desta forma, se iniciam várias articulações entre autoridades governamentais, instituições da sociedade civil, empresas
e consultorias afim de capturar o Estado para um comando mais profundo e paralelo
(Deep State).
Trata-se de um estrutura que segue sendo montada por uma sociedade
tripartite formada: a) militares no governo (em cargos civis) e na reserva das
três forças militares (gente oriunda da Fundação Dom Cabral e FGV) que opera a
formação de empresas e consultorias para formalizar contratos com o governo; b)
gente vinculada ao setor financeiros (gestora de fundos e bancos tradicionais) e
demais operadores da nova intermediação financeira do país em grande parte
situada na Faria Lima; c) a intermediação política do Centrão.
Não se trata de uma aliança harmoniosa e sim um movimento
com tensões entre eles mas com objetivos centrais claros num esforço de manter
e ampliar o poder político e financeiro. Na essência, a garantia de uma tutela
sobre todas as demais forças políticas do país.
O caso das compras das vacinas sob interferência de militares de alta patente com empresas novas e estranhas ao setor; o soft israelense Pegasus de espionagem e controle político; as articulações com a direita americana, latino-americana, haitiana e australiana, etc., a vinda do diretor da CIA ao Brasil, assim como o Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde a Lava a Jato são partes deste processo, onde os fluxos de informações e acordos entre as partes e o todo precisam ainda ser melhor conhecidos.
O objetivo maior deste Estado Profundo no Brasil é um
projeto de poder de longo prazo – assim como nos EUA – que vai para além de
mandatos obtidos pela via eleitoral no país. Eles se articulam e agem como
subsidiária dependente de um comando central consentido que se movimenta entre agentes
do governo, empresas do setor financeiro e cada vez mais por entre fileiras do
comando militar.
Não é difícil interpretar como se dá a articulação desta estrutura,
desde que siga as pistas que em boa parte foram ficando mais claras, a partir
da CPI da Covid. Agentes, instituições, processos, objetivos e estratégias daqueles
que operam essa articulação estão em evidências, assim como as seguidas tentativas
para despistá-las.
Evidente que ao fazer uma análise deste tipo se está
apoiando em fatos reais, mas também em hipóteses. Portanto, não se pretende com
esta reflexão tirar conclusões definitivas, mas chamar a atenção para alguns
campos de investigação sobre os movimentos das relações de poder no Brasil.
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