É disso que se trata a volta da ideia do parlamentarismo através do presidente da Câmara, deputado Artur Lira em matéria de capa hoje aqui no Estadão. Tentam o 3º golpe. Golpes sobre golpe. Assim, os mesmos tentam reconstruir o esquema do impeachment (pedaladas), a Lava Jato (prisão de Lula) e o apoio ao Partido Militar de Villas Boas e dos generais haitianos. Essa é a via de 2018 revisitada, agora com a marca da aliança Centrão e Partido Militar.
Na prática, o Centrão avança da sua lógica já conhecida de aprisionar o poder para dele se servir. O parlamentarismo é mais que isso e agora, Lira fala em nome de outros sustentáculos.
A proposta pretende entregar o poder ao Arenão: Partido Militar + Centrão e a Faria Lima do setor financeiro, mercado de capitais e dos fundos, em nome do capitalismo da gestão de ativos. Além destes agentes há apoios e articulações também nas cortes de Justiça do país como nos movimentos anteriores.
O jogo vai ficando mais às claras. Para entendermos melhor
tudo isso é necessário incorporar outras escalas, em nossas análises de
conjuntura nacional, através de leituras sobre os movimentos da geopolítica,
para se ter uma interpretação mais potente da realidade em sua totalidade, em
que o Brasil é hoje de fato, um líder do Sul Global.
O capital é global e algumas corporações gigantes já são
maiores e possuem mais poder que estados-nações. As plataformas digitais servem
de meio de circulação de negócios e mercadorias, mas também de manipulação e
controle político a nível global. Temos Estados-Plataformas comandados por
conglomerados de corporações.
Com este olhar mais amplo, eu tenho sustentado a leitura de
que a dominação tecnológica tem ajudado a ampliar a hegemonia financeira que
hoje detém enorme poder político. Articulações transfronteiriças que servem a
esses movimentos da geopolítica, onde as guerras híbridas se transformaram em
rotinas, comandadas pelo império para controle político sobre os
estados-nacionais na periferia do mundo.
Trata-se de uma lógica imperialista ampliada e ainda mais
controlada com os artifícios da tecnopolítica e da algoritmização da vida. É
nessa lógica conhecendo em detalhes (em dados e fluxos) todo o potencial do
Brasil, que os interesses se ampliaram. Hoje, esses interesses são muito
maiores do que aqueles de 1964, porque neste intervalo, o Brasil, assumiu a
condição de líder do Sul Global.
Como venho sustentando, os EUA têm um interesse especial
neste momento sobre o Brasil: a garantia de não retomada dos BRICS para limitar
a ação da China, em aliança com a Rússia.
Repito, o Brasil é o maior player do sul global, além de
fornecedor de commodities que atende a China, em casos de maiores pressões e
disputa como a da guerra comercial com os EUA.
Além disso, há interesse enorme sobre o pré sal, maior
fronteira petrolífera descoberta nas duas últimas décadas no mundo. Desde 2014,
que as reservas no mundo estão diminuindo, por conta de menores investimentos
para exploração em petróleo, setor estratégico em qualquer disputa geopolítica.
Os EUA hoje jogam para segurar a hegemonia do império contra
a China e seus aliados e assim, não aceitam o Brasil retomar com força o
movimento dos Brics. É disso que o chefe da CIA veio tratar aqui no Brasil há
algumas semanas. No limite, Biden engole até Bolsonaro, embora trabalhe para uma
alternativa mais palatável do esquema Arenão. Além disso, Biden deseja que o
Brasil, manejado por eles, segure a nova onda vermelha na América Latina. Esperteza
demais costuma engolir os espertos.
O fato é que a história não está dada. Hoje, hoje os
brasileiros começam a compreender esses movimentos. Mais do que isso começam a
reconstruir as bases e as condições para fazer um enfrentamento a esse controle
do Arenão em conluio com os EUA. Há fissuras nessa recomposição autoritária do
Arenão, em meio ao genocídio e às tramoias do Centrão abraçado ao Partido
Militar.
Novas manifestações populares estão a caminho. No próximo sábado teremos o 24J. Elas serão cada vez maiores e esse movimento das ruas será fundamental para definir as forças que encontrarão as saídas para a retomada do nosso Projeto de Nação.
Vamos à luta. Fora Bolsonaro, Partido Militar e Lira!
Um comentário:
Prezado Roberto. Colônia dos Estados Unidos sempre fomos. A novidade para mim é o poderio Militar Nacional ser contra a cartilha dos princípios éticos e morais do militarismo; isso é fato. Já a manipulação para recriar ministérios, esta é a moeda de troca de apoio à presidência : e com dinheiro dos impostos. O Centrão por sua vez aproveita brechas e esmolas para apoiar medidas nacionais e interesses internacionais, muitos deles obscuros. Acredito que as bolsas, a macroeconomia mundial e as criptomoedas são cartas deste jogo.
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