No mundo contemporâneo já deixou de ser novidade falar que o dinheiro se tornou virtual e as finanças digitais. Pouco dinheiro passa pelos bolsos e mãos das pessoas que usam cartões, APPs de bancos, fintechs, Pix, etc. As transformações seguem velozes e quase não se percebe que a concordância e o aceite para a consecução destas mudanças, se ancoram numa espécie de confiança no sistema utilizado.
Sistema já amplamente aceito e
utilizado, mesmo que baseado em abstratas informações, dados e algoritmos que
movem o capital financeiro. Sistema que é muito pouco conhecido, mas confiável
para a maioria, que pouco teme pelos seus riscos e suas instabilidades, na guarda
do seu dinheiro, que se tornou agora não apenas virtual, mas digital e acessível
através de redes.
Também sabemos que os
instrumentos financeiros são cada vez mais digitais e servem mais amplamente ao
andar de cima, que paga caro para que essa esta dominação tecnológica-digital
se estabeleça e se amplie com seus lucros.
Passemos agora das finanças
digitais para os sistemas eleitorais nacionais que administram a escolha dos
representantes do povo mundo afora. As eleições como toda a sociedade entra cada vez mais em amplos processos de digitalização.
As eleições nacionais são muito
mais sujeitas aos descaminhos da pressão financeira e da propaganda falsa (fake
news) do que os pleitos locais, onde o conhecimento das pessoas e fatos é mais
fácil de ser checado e questionado pelos eleitores.
Sobre a digitalização das
eleições, não estou me referindo à votação com as urnas eletrônica, já objeto
de amplos debates e esclarecimentos, mas ao processo cibernético das campanhas na totalidade.
As fake news e a relação
profunda, direta e submersa desta com o mundo as finanças. Embora, hoje se
tenha proibição do financiamento eleitoral das empresas, aquilo que ocorre no
submerso mundo da internet profunda (deep web) é difícil de ser monitorado no financiamento direto e/ou cruzado.
Trata-se de um processo complexo
e cheio de tecnicalidades. Difícil de ser acompanhado ou analisado pela imensa
maioria da população – e mesmo de técnicos e especialistas - que desconhece os
meandros e os intestinos que une o universo das técnicas financeiras digitais
com o financiamento e a comunicação na internet.
Se antes no Brasil, a atenção
central da Justiça Eleitoral era com o financiamento irregular das campanhas e
com o abuso do poder econômico, agora em 2022, as preocupações estão em grande
parte voltadas para a batalha cibernética que se apresenta para as eleições de
outubro. A transparência e o controle são dependentes de grandes corporações
(Big Techs), cujas sedes estão fora do país e colocam sempre seus ganhos e
interesses acima das preocupações dos estados-nações e de suas populações.
Porém, mais importante é observar
que os riscos dos desvios e instabilidades não são apenas da comunicação
digital entre campanhas e eleitores, como o uso intensivo de fake news nos
aplicativos de mensagens, mas também o financiamento para uso de robôs,
esquemas de algoritmos e impulsionamentos digitais que, como vimos em 2018,
foram sustentados por grupos empresariais — em parte instalados em servidores
digitais fora do país — e que desnudaram a ilegal e submersa relação entre as
finanças (poder econômico) e as eleições digitalizadas.
Os movimentos da justiça
eleitoral (TSE) trazem evidências sobre suas limitações na atuação neste dois
campos finanças e campanha/marketing digital que se encontrarão nas eleições de
outubro. O resultado disso pode ser o de proteger e garantir o interesse
democrático de escolha dos eleitores, ou, o de escancarar a conhecida e antiga
relação entre poder econômico e político com uso das finanças e da campanha
irregular em eleições cada vez mais digitalizadas.
A sugestão é para que os partidos
e lideranças políticas progressistas se organizem para além da Justiça
Eleitoral, para garantir o resultado democrático das urnas, quando que se
espera que os eleitores no voto, retirem o país do atual desmonte e da
ampliação da ameaça fascista, retomando a reconstrução de projeto nacional para
o nosso querido Brasil. A ver!
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