Breve histórico de resultados: a Globo saiu de lucro líquido de R$ 1,8 bilhão (2017); R$ 1,2 bilhão (2018); R$ 752 milhões (2019); R$ 167 milhões (2020), para um prejuízo de R$ 174 milhões em 2021, tendo registrada uma dívida de R$ 5,89 bilhões.
De certa forma, uma trajetória equivalente à economia do
Brasil pós-golpe, mesmo com o violento corte de custos e demissões de pessoal
que vem implementando, a ponto dos seus gastos com salários em 2021 terem sido
de apenas R$ 41 milhões, refletindo a conhecida e grande Pejotização.
Certamente, não é coincidência. Globo e golpe tudo a ver!
O prejuízo de 2021 da Globo, se dá mesmo com aumento da
receita para R$ 14,4 bi e da demissão de milhares de trabalhadores. Essa
receita, 15% superior a de 2020, é oriunda ainda, em boa parte, da publicidade
em TV aberta, fechada e digital e também do crescimento da base de assinaturas
na Globo Play de 33%.
Como receitas extras em 2021, a Globo teve as seguintes vendas de ativos reais: a) Som Livre para a Sony por R$ 1,4 bilhão; b) Datacenter por R$ 300 milhões; Base territorial e torres de transmissão por R$ 200 milhões; além de complexo de prédios, inclusive a sede em SP (sendo agora inquilina), por mais de R$ 500 milhões que perfazem um total - já recebido - de R$ 2,4 bilhões, valor quase equivalente ao seu caixa no último dia de 2021.
Parte das receitas que diminui o impacto do prejuízo vem de
aplicações financeiras, embora menores que esta categoria de despesas, com juros dos
empréstimos, mais os rendimentos do seu obscuro Fundo Globo Venture que
controla cada vez mais ativos financeiros e menos ativos reais.
PS.: Dados extraídos dos relatórios anuais da Administração da Globo Comunicação e Participações S.A. (2017-2021). Nas Informações Gerais do Relatório da Administração de 2021, a direção da Globo informa que “o prazo para apresentação do próximo pedido de renovação expira em outubro/2022”.
PS.: Atualizado às 18:34 de 03/04/22:
Recebi com agradecimento uma crítica de que a análise era
simplista. Chegou por terceiros pela via dos grupos e comentários de whatsapp, mas resolvi trazer para este espaço de forma aqui ampliada, a minha reposta, que não teve a intenção de retrucar, mas a de trazer mais alguns elementos para o debate.
Concordei com a crítica, mas fiz algumas considerações. Na nota original eu deixei de tratar da questão das plataformas digitais, da ampliação da digitalização e papel das redes sociais e do crescimento do uso do "streaming" x TV aberta e fechada (cana).
Porém, não se pode esquecer que por
conta tanto da questão financeira, fruto da crise e do golpe, a Globo já
avançou no “streaming” da Globo Play, já fez acordo com a Google, mas segue
patinando no resultado geral. Vale ainda lembrar que mesmo antes do período
citado, o resultado positivo da Globo era em boa medida reflexo das aplicações
financeiras.
Há ainda que considerar que existe todo um contexto sobre
esses últimos resultados da holding Globo S.A, mas não tem como não levar em
conta, a aposta golpista feita pelos Marinhos.
Aliás, não tem também como lamentar o mal produzido pelo
oligopólio (quase monopólio) exercido por décadas na TV aberta, sem regulação.
Mesmo diante do que deve ser considerado como positivo, em termos de cultura,
produzido pelo grupo.
A análise mais geral, inclusive deste paradoxo, exigiria um
texto mais longo e de pessoas que acompanham mais diretamente o tema, onde a
financeirização mais recente, não é um detalhe.
A postagem, fundamentalmente - com exceção da participação
no golpe, aliás como em 64 - traz dados sobre o Relatório de Administração, que
a matéria do Valor (jornal do grupo – vide aqui) sobre o tema, escondeu. Aliás,
a matéria do Valor realça o aumento de receita de publicidade na ordem na TV
Aberta, Fechada e Digital.
Há diferentes enfoques para quem investiga relatórios de
grandes corporações. Há quem observe mais a corporação e suas potencialidades.
No caso da Globo, o seu modelo de negócios, diante da Economia de Plataformas
que é um processo global, como todos sabemos.
O outro enfoque é pensar a corporação e seu papel para a
nação. Forma de seus proprietários agirem, muitas vezes como partido político e
com olhar para os seus interesses.
É nesse contexto que se observa a aposta política dos proprietários
Marinhos que construiu as bases desses últimos resultados. Eles Levaram 3/4
anos trabalhando para a Lava a Jato, o golpe e depois a eleição em 2018. Entre
2014 e 2021 são 8 anos. Tempo exato em que a transformação digital se
intensificou e foi derrubando o castelo de negócios do grupo. Porém, o foco do
grupo midiático-financeiro, era trabalhar pelo poder no Brasil. Enquanto
isso...
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